O governo dos Estados Unidos lançou oficialmente o chamado “Gold Card”, um novo programa criado por ordem executiva da administração Trump que propõe um caminho acelerado para vistos imigratórios e, potencialmente, para o Green Card, a partir de um alto investimento financeiro.
Na prática, o programa prevê que estrangeiros que realizem uma doação mínima de US$ 1 milhão ao governo americano possam utilizar esse valor como parte da comprovação de benefício econômico ao país, fator considerado em processos imigratórios. A proposta tem gerado grande repercussão internacional — e também muitas dúvidas.
Segundo a advogada de imigração Andrea Bowers, sócia do Andrade & Bowers Law Firm, é importante evitar interpretações simplistas sobre o tema.
“Apesar do nome e da forma como o programa tem sido divulgado, o Gold Card não significa que alguém possa simplesmente comprar um Green Card. O sistema imigratório americano continua exigindo critérios legais, análises rigorosas e verificações de segurança e da origem dos recursos”, explica.
Pontos ainda pouco claros
Mesmo com o lançamento oficial, diversos aspectos do programa ainda não foram totalmente esclarecidos. Não há detalhes precisos sobre quem exatamente poderá se qualificar, como será conduzida a análise de segurança, nem quais parâmetros serão usados para avaliar a origem do dinheiro investido.
Além disso, juristas e veículos de imprensa já levantam questionamentos éticos e jurídicos, apontando o risco de judicialização e até de mudanças nas regras ao longo do caminho, especialmente por se tratar de uma iniciativa criada por ordem executiva.
“Programas desse tipo, baseados em doação ou contribuição direta, tendem a gerar debates legais e podem sofrer alterações. Por isso, é fundamental que o interessado entenda que não existe garantia de aprovação”, ressalta Andrea Bowers.
Vale a pena tentar agora?
Para a especialista, o momento pede prudência. O alto valor exigido, somado às incertezas sobre a aplicação prática do programa, torna essencial uma análise cuidadosa antes de qualquer decisão.
“Estamos falando de um investimento muito elevado em um programa ainda novo e pouco testado. Antes de acreditar em promessas de ‘Green Card garantido’, a pessoa precisa se informar, buscar orientação profissional e avaliar alternativas mais consolidadas dentro da lei”, afirma.
Enquanto isso, a realidade da maioria dos imigrantes permanece a mesma: os caminhos tradicionais de vistos e residência permanente continuam sendo as vias mais seguras e previsíveis.
“Enquanto houver dúvidas sobre a segurança jurídica do Gold Card, o mais prudente é agir com cautela e não tomar decisões baseadas apenas em promessas de facilidade”, conclui a advogada.

Dra Andrea Bowers